Assinatura Sonora

Convido-os para um exercício de imaginação (e sensibilização)…

De costas, de olhos fechados, sem fazer gestos, e principalmente sem falar, apresente-se a um grupo de pessoas somente por meio de sons, musicais ou não.

. Eu sou fulano;
. Sou de tal lugar;
. Sou assim, e não assado;
. Gosto disso, não gosto daquilo;
. etc.

Isto mesmo, deixe que somente SONS isolados ou organizados exerçam o papel de seu porta-voz. Não se preocupe que seja certo ou errado, bonito ou feio, estranho ou não. Preocupe-se unicamente em se comunicar, em se fazer entender, em transmitir significados.

No caso de escolher músicas, não cante o texto (letra), mas substitua-os por um simples “lá – lá – lá”. Deste jeito evitará que a linguagem verbal seja o foco ou a forma comum de contato com outras pessoas. De outro modo, possibilite que isso ocorra pela LINGUAGEM MUSICAL, somente por ela.

Pode combinar de as pessoas que o assistem (ou melhor, que lhe OUVEM), escrevam o que captam de você e das mensagens que transmite. Depois poderão verificar se houve um senso comum sobre a sua PERFORMANCE SONORA em lhes contar sobre si mesmo.

Essa oficina de EXPRESSÃO SONORA poderá continuar caso todos os presentes sejam convidados a fazer o mesmo: traçarem um painel de si mesmos excepcionalmente por meio de uma EXPOSIÇÃO SONORA.

Foi desse modo, por exemplo, que sugeri de se planejar uma DINÂMICA SONORO-MUSICAL com um grupo de crianças em um projeto de cunho social.

Essa dinâmica que acima propus – e que repetidas vezes apliquei com resultados bem interessantes – levou-me a pensar como abordar de um modo diferente o tema da DIVERSIDADE, um moto perpétuo em minhas falas.
Pela quantidade de vezes que trouxe esse assunto em pauta, acabei percebendo que poucos avaliam a sua dimensão segundo me refiro.

Alguns pensam unicamente em dois critérios como meio possível de classificar toda a produção musical do mundo, vide exemplos:

. Alegre ou Triste;
. Moderna ou Antiga;
. para Cantar ou Tocar;
. Conhecida ou não;
. de Sucesso ou não;
. para Comprar ou não;
. etc.

Outros consideram a diversidade pela quantidade e diversidade de gêneros, como:

. Samba, bolero, tango, valsa, be-bop, boogie-woogie, cake-walk, conga, mambo, rumba, salsa, merengue, baião, bossa nova, choro/chorinho, coco, embolada, forró, frevo, lundu, marcha/marchinha, maxixe, modinha, pagode, polca, tango, toada, blues, fox-trot, habanera, jazz, milonga, ragtime, rock, axé, etc.

Existem aqueles que ao pensar em diversidade recorrem à conhecida classificação:

. Música Folclórica, ou Popular, ou Clássica.

Pessoas que estão fartas de tantas explicações para inúmeras ou equivocadas classificações, resumem assim a diversidade que realmente interessa:

. Boa ou Ruim.

Determinados analistas resumem a diversidade da seguinte forma:

. Música para os Pés, ou para o Coração, ou para a Cabeça.

Claro que podemos recorrer à origem geográfica para fazer jus à grande diversidade possível:

. Ocidental ou Oriental;
. do Hemisfério Sul ou do Norte;
. do Interior ou do Litoral;
. das Montanhas ou das Planícies;
. da Zona Rural ou Urbana;
. da Islândia, do Congo, da Bélgica, da Mongólia, do Equador, do Canadá, do Paquistão, da Argélia, do Paraguai, do Vietnã, da Groenlândia, do Suriname, da Eslovênia, de Honduras, da Jordânia, de Uganda, etc.

Sem dúvida podemos também recorrer a outras diferenças dos humanos como modos de conceituar a diversidade musical possível:

. Negra, ou Branca, ou Amarela, ou Vermelha;
. Ricos ou Pobres;
. Dominadores ou explorados;
. Letrados ou Analfabetos;
. Arrogantes ou Modestos;
. Pessimistas ou Esperançosos;
. Extrovertidos ou Tímidos;
. Saudáveis ou Doentes;
. etc.

Tudo isso que vimos é sim, possível, e verdadeiramente representa em quantas maneiras pode-se selecionar e organizar sons de modo a criar toda música do mundo. No entanto, nada considero mais realista do que pensar que cada ser compõe o seu próprio repertório: imaginem que cada um dos bilhões de habitantes da terra subisse em um palco iluminado e se apresentasse aos demais, daquele modo como já sugeri que se fizesse com crianças.

Silvia de Lucca

FONTE: Esse artigo foi adaptado do original escrito em novembro de 2004 para a Coluna ISCAS MUSICAIS, do site www.lucianopires.com.br, tornando-se posteriormente o seguinte Portal: www.portalcafebrasil.com.br